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Capítulo 13 de 16

1Simão foi informado de que Trifão havia organizado um poderoso exército para vir à Judeia e devastá-la.

2Vendo o povo amedrontado e espavorido, subiu a Jerusalém, convocou a população

3e dirigiu-lhe a palavra nestes termos: “Vós mesmos sabeis bem o que eu, meus irmãos e a casa de meu pai temos feito pelas leis e pelo santuário, assim como as guerras e as dificuldades que temos suportado.

4Foi assim que meus irmãos foram mortos pela causa de Israel e que fiquei sozinho.

5Deus me guarde agora de poupar minha vida, quando o inimigo nos oprime, porque não sou melhor que meus irmãos!

6Por isso, serei o vingador de meu povo, do santuário, de vossas mulheres e vossos filhos, uma vez que todas as nações, por seu ódio, estão coligadas para nos destruir”.

7A essas palavras, os ânimos inflamaram-se

8e todos responderam, gritando: “Tu és o nosso chefe em lugar de Judas e de Jônatas, teus irmãos;

9combate por nós e faremos tudo o que disseres”.

10Então, Simão reuniu todos os que podiam lutar, apressou-se em terminar os muros de Jerusalém e fortificou o recinto.

11A Jope enviou Jônatas, filho de Absalão, com consideráveis tropas. Jônatas expulsou seus habitantes e instalou-se na cidade.

12Todavia, Trifão partiu de Ptolemaida com numeroso exército para invadir a Judeia. Trouxe consigo Jônatas como prisioneiro.

13Simão, por sua vez, acampou em Adida, em frente à planície.

14Informado de que Simão havia ocupado o lugar de seu irmão Jônatas e se aprontava para combatê-lo, Trifão enviou-lhe mensageiros, para dizer-lhe:

15“Guardamos teu irmão por causa do dinheiro que ele deve ao tesouro real, em vista das funções que exercia.

16Envia, pois, agora, cem talentos de prata e, para que, uma vez livre, não abandone nossa causa, manda também dois de seus filhos como reféns, e nós o deixaremos ir”.

17Simão percebeu que essas palavras eram falsas, mas mandou buscar o dinheiro e os filhos, com receio de cair na hostilidade do povo, que poderia dizer:

18“Foi porque eu não mandei o dinheiro e os filhos, que Jônatas morreu”.

19Remeteu, pois, o dinheiro e os filhos, mas Trifão quebrou a palavra e não libertou Jônatas.

20Depois, pôs-se ele a caminho para entrar na Judeia e devastá-la, fazendo um rodeio pelo caminho que conduz a Adora, mas Simão se apresentava diante dele em todo lugar por onde passava.

21Por seu lado, os ocupantes da fortaleza enviaram a Trifão mensageiro pedindo-lhe que se apressasse a ir ter com eles pelo deserto e lhes fornecesse víveres.

22Trifão aprontou sua cavalaria para partir naquela mesma noite, mas havia ali muita neve e ele não pôde encetar o caminho. Partiu, todavia, e foi à região de Galaad.

23Quando chegou perto de Bascama, matou Jônatas e o sepultou;

24em seguida, retrocedeu e voltou à sua terra.

25Simão mandou recolher os restos de seu irmão Jônatas e os sepultou em Modin, cidade de seus pais.

26E todo o Israel chorou abundantemente e conservou o luto durante muitos dias.

27Sobre o túmulo de seu pai e de seus irmãos, Simão edificou um monumento grandioso com pedras polidas, na frente e por trás.

28Ergueu ali sete pirâmides, uma diante da outra, para seu pai, sua mãe e seus quatro irmãos.*

29Colocou nelas ornamentos e cercou-as com altas colunas, sobre as quais, para eterna lembrança, colocou muitas armas e, junto a estas, navios esculpidos, que podiam ser vistos por todos os que se achavam no mar.

30Tal foi a sepultura que ele construiu em Modin e que existe ainda hoje.

31Trifão, que servia o jovem rei An­tíoco, com duplicidade, mandou assas­siná-lo,

32reinou em seu lugar e usurpou o diadema da Ásia. Ele causou muito mal ao país.*

33Simão reergueu as fortalezas da Judeia, muniu-as com torres altas, com gran­des muros e portas. E ferrolhos e as abasteceu com víveres.

34Escolheu mensageiros e enviou-os ao rei Demétrio, pedindo-lhe que restabelecesse o país porque Trifão o havia submetido inteiramente à pilhagem.

35O rei Demétrio mandou-lhe sua resposta e escreveu-lhe nestes termos:

36“O rei Demétrio a Simão, sumo sacerdote e amigo dos reis, aos anciãos e ao povo judeu, saudações!

37Recebemos a coroa de ouro e a palma que nos enviastes, e estamos dispostos a concluir convosco uma paz sólida, bem como a escrever aos funcionários que vos dispensem dos impostos.

38Tudo o que foi decidido a vosso favor está confirmado e as fortalezas que construístes são vossas.

39Nós vos perdoamos todos os erros e as faltas cometidas até o dia de hoje. Renunciamos à coroa que nos de­víeis e, se existem ainda em Jerusalém ou­tras dívidas a pagar, não se paguem mais.

40Finalmente, se existem entre vós alguns que sejam aptos a se alistarem em nossa guarda, que eles o sejam e que a paz reine entre nós”.

41Foi no ano cento e setenta que o jugo dos pagãos foi afastado de Israel.*

42O povo começou a datar os atos e os contratos do primeiro ano de Simão, sumo sacerdote, chefe do exército e governador dos judeus.

43Nessa época, Simão marchou contra Gazara e cercou-a com suas tropas. Construiu uma torre móvel, levou-a para perto da cidade, atacou uma das torres e apoderou-se dela.

44Da torre móvel os soldados lançaram-se na cidade, causando ali uma grande confusão,

45de modo que os habitantes, com suas mulheres e filhos, apareceram sobre os muros, rasgaram suas vestes e pediram com altos brados a Simão que os poupasse.

46“Não nos trates conforme nossas maldades – diziam eles –, mas segundo a tua misericórdia.”

47Simão perdoou-os e não prosseguiu o ataque. Não obstante, expulsou-os da cidade e mandou purificar todas as casas onde se achavam os ídolos. Em seguida, fez sua entrada triunfal ao som de hinos e de cânticos de louvor.

48Fez desaparecer dali toda impureza e trouxe de volta os habitantes fiéis à Lei. Fortificou-a e construiu para si mesmo uma morada.

49Os ocupantes da fortaleza de Jerusalém, que não podiam sair para ir à cidade comprar e vender, achavam-se numa grande miséria e um bom número deles morreu de fome.

50Suplicaram a Simão para que lhes concedesse a paz. Ele a concedeu, mas os expulsou de lá e purificou a fortaleza de todas as suas contaminações.

51E entrou nela no dia vinte e três do segundo mês, do ano cento e setenta e um, com cânticos e palmas, harpas, címbalos, liras, hinos e louvores, porque um grande inimigo de Israel tinha sido aniquilado.

52Ordenou também que esse dia fosse celebrado a cada ano com regozijo.

53Fortificou a montanha do templo, na parte próxima à fortaleza, e habitou ali com os seus companheiros.

54Em seguida, verificando que seu filho João se tornara um homem, confiou-lhe o comando de todas as tropas. E João foi residir em Gazara.